Trevisan: 'Brasil vive armadilha permanente em que o sabotador é Bolsonaro'

A decisão de tornar pública ou não a íntegra do vídeo da reunião ministerial do dia 22 de abril, citada pelo ex-ministro Sergio Moro (Justiça e Segurança Pública) em tentativa de comprovar a interferência do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) na Polícia Federal, pode também expor ministros do governo, em especial os militares.

No podcast Baixo Clero #37, a jornalista Maria Carolina Trevisan afirma que o presidente da República parece sabotar o próprio governo com as medidas que toma durante seu mandato e também a forma como os ministros militares podem ter a imagem prejudicada com a possível divulgação do vídeo.

"O Brasil vive uma armadilha permanente, parece que a gente está numa armadilha permanente em que o principal sabotador é o presidente Bolsonaro. Os ministros também não conseguem se livrar disso, e os ministro militares, eles tiveram o tempo todo resguardados por essa questão do exército, por terem uma instituição, que é o Exército, que a partir do momento em que esse vídeo se tornar público, eles deixam de ser ministros generais ou ministros do Exército e passam a ser ministros do Bolsonaro", diz Trevisan (disponível no arquivo acima a partir de 18:50).

Relacionadas

Braga Netto, Augusto Heleno e Ramos depõem no inquérito Moro contra Bolsonaro

'Quem não quiser ouvir palavrão, não assista', diz Bolsonaro sobre reunião

Advogado de Moro diz que AGU omitiu 'trechos relevantes' de reunião

"Ali vai ficar muito evidente como eles se relacionavam com aquilo e de que maneira eles se posicionavam. Se tem palavrão, se tem desrespeito, como é que são tratadas as questões mais importantes do país, isso vai ser interessante de a gente ver, acho que seria justo toda a sociedade ter acesso a isso", completa a jornalista.

Trevisan também afirma que o Supremo Tribunal Federal está tentando colocar um limite nos atos do presidente da República em suas colocações.

"O que parece é que o presidente Bolsonaro está fazendo um cabo de guerra com as instituições, em que ele força a radicalização de um lado e as instituições defendem a democracia por outro, o que é uma loucura de se pensar para um país como o nosso, democrático", finaliza Trevisan.

Baixo Clero está disponível no Spotify, na Apple Podcasts, no Google Podcasts, no Castbox, no Deezer e em outros distribuidores. Você também pode ouvir o programa no YouTube. Outros podcasts do UOL estão disponíveis em uol.com.br/podcasts.